terça-feira, 12 de abril de 2011

está a passar tanto tempo....

O caderno verde já não sei dele, nem quero encontrá-lo…os teus presentes estão agora nas gavetas, antes estavam expostos e eram motivo de orgulho…igual à nossa amizade… …esta onde agora? Tenho medo de a procurar com medo de não a encontrar nem escondida nas gavetas, lá ao fundo…é tudo de outra cor…há muitos dias que não me lembro de ti, outros em que recordo tudo e do tudo só o que me faz sentir saudades… é que foi tudo grande de mais para a pequenez dos seres que somos…e essa medida ilimitada perdeu mesura com o tempo…só vou até aqui, já só vais até aqui, nós já só vamos nas linhas que pouco se cruzam…precisava de nós hoje, sem limites…queria encontrar-nos da maneira que éramos…como é que se recorta sem desperdiçar? Como é que se apaga sem manchar? às vezes tenho muita vontade de apagar tudo, às vezes muita vontade de o voltar a pintar…e isso tudo pelo desejo impossível de recuperar o desenho do passado…não quero apagar, nem pintar de novo, queria continuar…as folhas que deixámos por aí, suspensas no dia a seguir e depois no outro… perderam-se, parece não haver mais papel , nem as canetas da continuação…cobardia o fingimento de só termos perdido os materiais , com a culpa a morar no tempo e nas circunstâncias, quando a razão está na vontade , no medo de ter vontade ou no medo de ela já não existir…não quero continuar a ter saudades tuas, não quero fazê-lo sozinha…lembrar-me sem ti do que éramos …sou tão pequenina tantas vezes,e hoje não encontro aquela minha amiga que partilhava comigo esse tamanho... devias ter continuado aqui para me ajudar…mas acho que já desistimos …tu de o fazer, ou eu de o querer?...*

segunda-feira, 4 de abril de 2011

uma imagem

Desapareceram todos…e também já não sei de ti há algum tempo...
os dias dos outros são-me indiferentes, os teus às vezes fico a pintá-los num quadro desfocado de distância…
és só palavras que me completam nos dias só de acções;
és só ideia que me resgata da realidade;
…és só um tu que rouba algum espaço de um qualquer eu…
e não deves ser mais que isso para continuares a sê-lo…