segunda-feira, 23 de abril de 2012

"Carência"

"Não sei sobre pássaros, não conheço a história do fogo. Mas creio que minha solidão deveria ter asas." Alejandra pizarnic

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

um dia, dois dias, três dias...

Hoje quero despir-me aqui… porque gosto deste nu sem julgamentos, tirar palavra a palavra; um dia, dois dias , três dias…esses três dias em que sem usar palavras me usei dessa forma tão sincera. Não há um sentir comparável àquele de termos sido durante momentos o sorriso de alguém e porque nos demos a oportunidade de sorrir de verdade, mais de fora para dentro do que o contrário…ficarmos nus e com frio na pele mas tão quentes na alma aqui dentro. E assim sujeitei -me a qualquer coisa parecida com o que se chama de saudade quando senti quase sem percebe-lo qualquer coisa parecida com o que se chama ser feliz…é bom sentir saudades desse um , dois, três dias e poder dize-lo sem to dizer*

terça-feira, 12 de abril de 2011

está a passar tanto tempo....

O caderno verde já não sei dele, nem quero encontrá-lo…os teus presentes estão agora nas gavetas, antes estavam expostos e eram motivo de orgulho…igual à nossa amizade… …esta onde agora? Tenho medo de a procurar com medo de não a encontrar nem escondida nas gavetas, lá ao fundo…é tudo de outra cor…há muitos dias que não me lembro de ti, outros em que recordo tudo e do tudo só o que me faz sentir saudades… é que foi tudo grande de mais para a pequenez dos seres que somos…e essa medida ilimitada perdeu mesura com o tempo…só vou até aqui, já só vais até aqui, nós já só vamos nas linhas que pouco se cruzam…precisava de nós hoje, sem limites…queria encontrar-nos da maneira que éramos…como é que se recorta sem desperdiçar? Como é que se apaga sem manchar? às vezes tenho muita vontade de apagar tudo, às vezes muita vontade de o voltar a pintar…e isso tudo pelo desejo impossível de recuperar o desenho do passado…não quero apagar, nem pintar de novo, queria continuar…as folhas que deixámos por aí, suspensas no dia a seguir e depois no outro… perderam-se, parece não haver mais papel , nem as canetas da continuação…cobardia o fingimento de só termos perdido os materiais , com a culpa a morar no tempo e nas circunstâncias, quando a razão está na vontade , no medo de ter vontade ou no medo de ela já não existir…não quero continuar a ter saudades tuas, não quero fazê-lo sozinha…lembrar-me sem ti do que éramos …sou tão pequenina tantas vezes,e hoje não encontro aquela minha amiga que partilhava comigo esse tamanho... devias ter continuado aqui para me ajudar…mas acho que já desistimos …tu de o fazer, ou eu de o querer?...*

segunda-feira, 4 de abril de 2011

uma imagem

Desapareceram todos…e também já não sei de ti há algum tempo...
os dias dos outros são-me indiferentes, os teus às vezes fico a pintá-los num quadro desfocado de distância…
és só palavras que me completam nos dias só de acções;
és só ideia que me resgata da realidade;
…és só um tu que rouba algum espaço de um qualquer eu…
e não deves ser mais que isso para continuares a sê-lo…

segunda-feira, 28 de março de 2011

...não tenho títulos para o que escrevo, porque não os encontro…há momentos em que até vocês, que são o meu último refúgio desaparecem…já não sei muito bem o que esperar , de onde e de quem…ou se é em mim , sozinha que o devo encontrar… devo fazer-te tão mal…mas não consigo ser o que de melhor penso conseguir ser tantas vezes…queria encontrar as piores palavras de ódio e raiva e pedir-te que mas dissesses alto, para todos ouvirem e me julgarem , e nenhum desses julgamentos me magoaria tanto como os que faço para mim própria…não me posso obrigar a gostar , mas devia obrigar-me a valorizar e respeitar mais…faz-me desaparecer e ficar suspensa numa nuvem de paz , sem ver , sem sentir, so a proteger-te …de mim…enganem-se todos os que pensam ser o alheamento a escolha fácil, porque não o é…em mim, é so aparência e talvez por isso me sinta tantos dias, como hoje, invisível… ninguém me faz sentir viva …(ou é em mim que nada transmite vida!)… a protecção que gostava de ser capaz de te oferecer é aquela que eu tanto procuro, mas tu não me consegues dar …desculpa…tenho um anjinho, dentro de uma daquelas bolinhas com neve por dentro… lá dentro parece tudo tão sereno, tão equilibrado…tenho vontade de partir o vidrinho que separa o meu mundo daquele…e pegar no anjo e ficar com ele um bocadinho perto do coração…ou dar-to … (mesmo que seja de barro...é capaz de fazer-te melhor do que eu...)

sábado, 19 de março de 2011

"Carta ao Pai" Kafka (excerto)

“Tu perguntaste-me recentemente porque afirmo
ter medo de ti. Eu não soube, como de costume, o
que te responder, em parte justamente pelo medo que
tenho de ti, em parte porque existem tantos detalhes
na justificativa desse medo, que eu não poderia reuni-
los no ato de falar de modo mais ou menos coerente.
E se procuro responder-te aqui por escrito, não
deixará de ser de modo incompleto, porque também no ato de escrever o medo e suas conseqüências me
atrapalham diante de ti e porque a grandeza do tema
ultrapassa de longe minha memória e meu entendimento..."


não sei se te devo ligar…e estou a tentar fazer de conta que me esqueci..se passar das 10 quando me lembrar já não te ligo.depois dessa hora já deves estar a dormir, porque deitas-te sempre tão cedo.quando era mais pequenina não gostava desse teu hábito, porque depois querias que eu fosse dormir também porque não podia ficar sozinha a ver televisão, mas quando já pude ficar acordada até às horas que me apetecesse, acabava por ser apaziguador.sabia que já estavas a descansar, e so ficava à espera de não ouvir mais a tua voz baixinho…so queria que adormecesses rápido…
quando me pedem para falar sobre ti, fico calada.não que não tenha as palavras para ti,(as que sinto mais até são tuas , apesar de desejar que fossem outras) mas é sem som que prefiro vê-las… o teu nome dito em voz alta é estranho, com letras e sons que parecem nunca ter sido inventados …tal como a tua presença em mim:estives-te sempre la, mas parece que nunca estives-te de verdade…
eles não te percebem, o que eu percebo muito bem, porque a minha compreensão para contigo e as tentativas de te desculpar acabam por me fazer chatear comigo própria…mas eu vejo que és tão poucas vezes feliz e procuro infinitamente motivos para não quereres sair daí, mas também não tens o direito de querer implantar as tuas dores em nós…deves ter muitas portas abertas e deve estar frio e chover aí dentro muitas vezes, mas nunca deixas que te ajudem a fechá-las…às vezes fico a pensar que também é culpa da minha fraqueza, porque não o tento muitas vezes, mas já esta-mos tão longe um do outro, que agora ir até ti exige uma força que não tenho… será que percebes que quero saber de ti quando te ligo so para falar de questões práticas e necessárias? Nunca falá-mos os dois para além do prático e do necessário… é como se te faltasse uma face…será que pensas o mesmo de mim?...porque é que nunca nos pergunta-mos se esta-mos bem e so me perguntas o que preciso…tantas vezes o que precisava era so mesmo a tua pergunta(“esta tudo bem contigo?”)…mas eu... que também não o faço...
há muito que me lembro de pensar que um dia vai ser diferente, que me vais voltar a tocar,…que vou conseguir dar-te um beijinho de despedida quando me vais levar…e dar importância à data(o meu alheamento com as datas é herança tua, porque quase todas têm marcas que quero apagar) …e ligar-te com o carinho que acho que nunca tives-te e talvez por isso nunca me ensinas-te a dar…talvez um dia...*

quarta-feira, 16 de março de 2011

Não…a minha neutralidade não é indiferença…deve ser tão mais libertador gritar, insultar, partir uma coisa qualquer… nunca consigo…e fico a partir-me por dentro, sem que qualquer vidro risque a textura de autocontrole e sensatez que a máscara do meu rosto mostra…magoamo-nos todos(muito mais vezes por dentro que por fora) e parece que nunca mais vamos deixar de fazê-lo…
gostava que ouvisses a minha dor silenciada...mas sei que é exigir de mais...percebes agora porque preferia adorar só as coisas!?… as pessoas são estranhas…mas gosto tanto delas…e é por gostar de mais do que cada um tem de pessoal que sinto uma necessidade doentia de me afastar …porque não quero magoar, depender, tenho medo que dependam, porque deveria significar tanto mais para cada um de nós cativar e ser o cativado de alguém... dar é sempre tão bom , mas vicia a exigência de quem recebe…e nos momentos em que tenta-mos ser o melhor de nós nem sempre a luta ganha o significado que a instiga…apetece desistir…e continuar só a caminhar sem sentido, viver refugiado de sentimentos, que têm tanto de belo como de destrutivo.
... e sim, magoa, a ausência da tua amizade magoa…porque a tua presença cativa…(mas não posso deixar)
Sei que não te faço mal, mas também não consigo fazer bem …e a mágoa pela inutilidade da minha presença segue sempre na direcção da minha ausência… desculpa se demorar muito a voltar…*